domingo, 29 de outubro de 2017

Poema de Adriane Ribeiro Guimarães



cabem todos os silêncios,
no vôo das aves

ininterrupto, o vôo das aves
cobre os silêncios
das vertentes úmbrias,
e as vozes das rochas,
e o bater dos corações
das pessoas tristes

cabem todos os silêncios,
no vôo ininterrupto das aves,
e cabem nele as vozes
que emprestei aos ventos

vou com as aves,
e entrego-me ao ar, vozeado
como as nuvens sobressaltadas,
inseguro como os amantes, voraz
como o tempo

e silencioso, como o vôo 
das quatro aves
que me sobressalta o olhar
e me esconde as névoas

Susana Duarte

terça-feira, 10 de outubro de 2017



desabito a casa azul
-dos esqueletos ensimesmados-
onde corvos voam,

e habito o silêncio,
onde as memórias afastam as telas
e as névoas se tolhem de mim


-relembrando-me onde os sonhos
são pontes, e os olhos,
moradores nobres de vidas-outras.

Susana Duarte





reencontro as metáforas onde
o sangue se liquefaz,
norteado pela ânsia dos corpos,
[ambivalentes como as águas]


aproximando-me de Avalon,
onde velhos rituais iluminam os dias
[tu, ausente, navegas o sangue
oculto, e perdes o sol, e o poema
de seres a barca da aurora]

Susana Duarte


quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Si conobbero.
Lui conobbe lei e se stesso, perché in verità non s’era mai saputo. E lei conobbe lui e se stessa, perché pur essendosi saputa sempre, mai s’era potuta riconoscere così.

( Italo Calvino)

quarta-feira, 4 de outubro de 2017



Te imprimo en el borde de mis sentidos
donde el limbo apenas es un camino

salto de hoja en hoja y en la naturaleza viva de tus manos
abro mi boca sedienta del agua que sale de tu cuerpo


Ondeo las líneas de tu tallo y
me nutro con tu vida:

semilla,
fuente,
flor nocturna
y durazno rosado;
luz naciente
ángulo inexistente de una curva,
cuarto creciente
de mi luna.

te imprimo en el rincón ambiguo de los sueños
a la espera del sol naciente, cortante de mis venas

amplitud de navegación de las flores, en la cala
donde vestí las flores al mirarlas,

luz

cueva de lobos de una nueva montaña
donde imprimimos la especie, en los ojos azules de tu boca

te imprimo en el borde de mis sentidos
donde el limbo es el margen de la vida

por medio de encrucijadas y ligaciones extrañas
pero donde siempre reina tu nombre…


Susana Duarte
(poema e foto)
Tradução: Tiziana Calcagno
quantas casas já habitei?
quantos corações me esperam morada?
quantos olhares são parapeito de esperança, 
contendo as perguntas que me querem resposta?
mas eu não passo de poema beijado,
escrevendo amanhãs impossíveis.

© João Costa . 30.setembro.2014