sábado, 17 de março de 2018



invocar o nome ausente
é libertar as asas para um vôo
ao centro das memórias,

onde se arrastam espectros
e pronunciam palavras mortas.


libertar as aves no centro da terra,
quando se invoca o nome ausente,
convoca as dores antigas 
das mulheres ensimesmadas.

são as mulheres que movem
as asas da humana condição.
habitam-nas as estórias 
do amor e do fel, e os cabelos
perdidos, e os dedos suspensos, 
e os corpos dilatados 
de todas as paixões.

é delas, o mundo.

[é delas, o mundo 
a que não pertencem,
nunca, os amores
possíveis],

porque as mulheres são 
impossibilidade,
presente e futuro, 
e as memórias todas
de todas as aves. e todos 
os nomes ausentes
sobre a pele salgada

de ontem.

Susana Duarte


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